Curioso porque esta escola não é nova para mim, foi nova em edifício usado quando em 1971 fui dos primeiros alunos da Escola Técnica Comercial Anselmo de Andrade, vinha a antecipar uma sensação de «déjà vu», de reconhecimento de espaço e, principalmente, um dilúvio de recordações, de vivências com 40 anos.
Após o portão, verifico que apesar da idade os risos e o burburinho dos alunos, que se eternizam no tempo, me remetem para a minha juventude.
O espaço não é fisicamente o mesmo, os recursos oferecidos felizmente não são iguais, é todo um mundo novo que se me depara em tempos diferentes, sem comparação possível. As memórias assaltam-me e trazem-me nomes com rosto juvenil e rostos a que já não consigo dar nome e todos eles voltam a ser a minha turma.
40 anos! Já!? Ainda ontem estávamos aqui, na escola, rindo, resolvendo em conversas sem fim os problemas do mundo e projectando o futuro de que parte já é passado, parte é presente e outra parte continua a ser projectado e reprojectado noutras tertúlias em que gostamos de inventar o mundo.
E eu a pensar que o regresso à escola, à nossa escola, seria pacífico, inócuo e não mexeria comigo.
Não me trouxe saudades, que eu saudades só tenho do futuro, trouxe-me sim recordações. Umas, poucas, más, mas felizmente a grande maioria muito boas que vou saboreando prazenteiramente.
A escola, a nossa escola está diferente, moderna, os alunos são outros e outros são os professores e os métodos pedagógicos e os programas escolares, mas enquanto escrevo estas linhas sentado no bar da escola, um grupo de jovens alunos brincam à cabra cega fazendo a ponte entre o passado e o futuro com a ladainha «cabra cega de onde vens...?».
Será que o tempo passou? As vozes que ouço misturam-se com as vozes da minha memória.
E eu a pensar que o regresso À ESCOLA, À NOSSA ESCOLA não mexeria comigo !!!
José Alberto Silveira da Fonseca
(Formando em processo de RVCC (reconhecimento e validação de competências-chave) de secundário do CNO Anselmo de Andrade)
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