Um blogue criado com o intuito de aproximar o nosso Centro da comunidade, promovendo a divulgação das atividades desenvolvidas e de informações de caráter geral. Pretende-se, ainda, que seja um espaço de partilha e diálogo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O CNO Anselmo de Andrade deseja a toda a comunidade umas Boas Festas

Prelúdio de Natal

Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas

Só depois se rasgava
a primeira cortina
e dispersa e dourada
no palco das vitrinas

A festa começava
entre odor e resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas

A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas

David Mourão Ferreira

Qualificar os Portugueses, uma missão, um dever profissional

No seguimento do I Encontro Nacional “Qualificar os Portugueses, uma missão, um dever profissional” que teve lugar no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC), no passado dia 7 de Dezembro, um grupo de profissionais da área da educação e formação de adultos, face à atual indefinição das políticas de educação e formação dirigidas à população adulta, decidiu nomear a Comissão Instaladora daquela que será a ANPEFA - Associação Nacional de Profissionais de Educação e Formação de Adultos.
A associação será de âmbito nacional e pretende abranger todos os profissionais envolvidos nesta área. A ANPEFA terá como principal objetivo contribuir para a continuidade das políticas públicas de educação e formação de adultos, valorização e credibilização da aprendizagem ao longo da vida. Este encontro contou com a participação de 230 profissionais e com a comunicação de vários nomes conhecidos na área. Teve ainda a participação de testemunhos que permitiram comprovar o excelente trabalho que tem sido realizado até hoje.
O encontro contou com a participação do Dr. Bravo Nico (docente na Universidade de Évora) que apresentou uma comunicação intitulada: Qualificação de Adultos em Portugal: um ponto de partida ou um ponto final? Esta comunicação teve como finalidade, evidenciar a a necessidade de um consenso social e político em torno da qualificação. Colocou todos os participantes a refletir sobre a continuidade da Qualificação de Adultos em Portugal. Contou-se com a apresentação do Manifesto Pró-Associação Nacional de Profissionais de Educação e Formação de Adultos, exposto pelo Dr. Luís Capucha (docente/investigador no ISCTE). Posteriormente, contou-se com a Dr.ª Lucília Salgado (Docente na ESE de Coimbra e investigadora nas áreas da Literacia) cuja comunicação incidiu sobre os Impactos Educativos da INO – Iniciativa Novas Oportunidades.
O encontro usufruiu ainda da participação do Dr. Jorge Dias (Universidade Católica Portuguesa - Grupo de Investigação «Ethics for Counseling») que nos presenteou com uma comunicação sobre a importância do PDP (Plano de Desenvolvimento Pessoal) e a necessidade formativa para as novas competências filosóficas. Seguidamente, a Dr.ª Leonor Viegas (Universidade do Algarve), apresentou-nos uma comunicação intitulada: Além da qualificação, a educação para a participação que teve como finalidade a reflexão sobre as práticas da equipa técnico-pedagógica, tendo em conta os novos públicos dos CNO (desempregados) e a possibilidade do processo RVCC ser mais do que um processo de qualificação, mas também uma forma de contribuir para o incremento cultural e participativo dos adultos. De seguida, a Dr.ª Soraia Morais (Instituto de Educação - Universidade de Lisboa) brindou-nos com o seu estudo sobre: O contributo dos Processos RVCC, nos adultos certificados, para a ALV - realidade de um CNO. Contou-se ainda com a partilha da experiência do Dr. Paulo Riço (Tutor de RVCC-PRO e Formador EFA do CNO do Centro de Formação Profissional de Coimbra).
Para finalizar as comunicações contou-se com a participação de dois convidados: Sr. Carlos Santos - adulto certificado Nível Secundário do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária Henriques Nogueira de Torres Vedras - e com o Sr. Casas de Melo - adulto certificado Nível Secundário do Centro Novas Oportunidades do Centro de Formação Profissional de Coimbra. Estes dois candidatos contemplaram a audiência com os seus testemunhos, que tão bem evidenciaram o bom trabalho que tem sido desenvolvido por uma equipa de profissionais que luta para que a formação esteja ao alcance de todos e valorize as competências que são adquiridas ao longo da vida. O aumento de competências é um direito de todos e dado que nem todos tiveram as mesmas oportunidades, esta associação pretende, entre outras coisas, ajudar a dar uma oportunidade a quem ainda não pode dispor dela.
O CNO Anselmo de Andrade participou ativamente na organização e realização deste encontro através de um dos seus técnicos, reconhecendo a importância do associativismo e trabalho em rede no desenvolvimento de boas práticas na Educação e Formação de Adultos.

Sérgio Rodrigues (Profissional de RVCC)

Novas certificações de nível básico e secundário

Durante o mês de Dezembro, realizaram-se respetivamente uma sessão de júri de certificação de nível básico (dia 6 de Dezembro) e uma de secundário (dia 14 de Dezembro).
É de realçar a diversidade e qualidade dos temas apresentados pelos candidatos. Esta sessão, como última etapa do processo de RVCC, certificou 6 candidatos de nível básico e 7 de nível secundário. As apresentações versaram temas muito diversos e os Portefólios Reflexivos de Aprendizagem demonstraram a riqueza dos percursos individuais e as aprendizagens ao longo da vida.

Gabriela Machado (formadora de CLC)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Impressões da visita ao Museu da Cidade

"A memória faz viver a cidade" - Ralph Emerson

Foi interessante revermo-nos, conforme a faixa etária, no tempo e nos diversos sítios apresentados nas muitas fotos doadas ao Museu.
Maria da Conceição Nunes (Formanda de RVCC nível secundário)

Na visita ao Museu vi o quanto todo este concelho cresceu. Nasci e sempre vivi aqui, mas não me tinha apercebido do seu desenvolvimento, talvez porque durante 35 anos trabalhei em Lisboa, era o sair de casa muito cedo e regressar já tarde. Há também uma coisa muito interessante, por vezes olhamos, mas não vemos, já dizia a minha avó "vê com olhos de ver".

Maria Luísa Martins (Formanda de RVCC nível secundário)

ALMADA DE ANTES E DE AGORA

Foi a convite dos professores de CLC Gabriela Machado e Luís Pedro de STC que o grupo S33 visitou, no dia 29 de Novembro, a exposição permanente do Museu da Cidade. A origem da palavra Almada deriva do árabe “al-madan” que significa a mina, lugar de abundância.

No início da vista é-nos apresentada uma sala com dezenas de pequenas estatuetas nuas subindo por varões, em conjunto com um som de fundo. A minha imaginação levou-me de imediato a um passado não muito longínquo de marinheiros, trepando pelos mastros das fragatas para içar velas, com o belo som do bater suave do mar.

A visita foi para mim o reencontro com lugares esquecidos desta cidade que tão bem conheço, a cidade onde me orgulho de ter nascido e onde vivo. Na exposição encontro fotos de um passado que me é querido, e sinto a falta de ver em laboração algumas das indústrias existentes em toda a zona ribeirinha, principalmente a naval, onde trabalhei, a poucos metros do local onde nasci, o cais do Ginjal.

Foi toda esta indústria e toda a sua envolvente humana que desenvolveu o comércio e a habitação permitindo que Almada passasse a cidade em 1973.

Tive ainda oportunidade de ver uma interessante maqueta com as fases de expansão de toda a cidade, onde podem ser selecionados e reconhecidos alguns núcleos urbanos.

No meio associativo gostaria de ter visto algo relacionado com o meu Ginásio Clube do Sul, coletividade fundada em Cacilhas em 17 de maio de 1920, do mesmo modo seria interessante estar presente neste museu uma maqueta sobre o Cais do Ginjal com “Coração Novo” plano de pormenor já aprovado. Podemos ver, através das fotos seguintes, a intervenção prevista.

João Valente (Formando de RVCC - nível secundário)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

FATURA DO EURO 2004 - Mais um buraco para tapar até 2030

Em 1999, ouviu-se uma força no Estádio do Jamor, palco de uma demonstração de entusiasmo só suplantada talvez pela passagem do Cabo das Tormentas. O motivo de tal patriotismo, o “Euro 2004”, bastava fechar os olhos e entrava-se em êxtase, tal o arraial montado, com todos os condimentos de que o nosso consciente povo gosta, recordes para o Guinness World Records, muita música e políticos bem-falantes, como era o caso do então Ministro-Adjunto José Sócrates, que na sua elegância afirmou que aquele seria “um projeto muito interessante para o país e dinamizador da nossa economia de ponta”. Portugal viveu até 2004 uma época de subserviência ao desporto rei, onde tudo o que de mau se passava era um mal menor, pois estava para chegar o salvador da pátria. E é então que o tão esperado acontece, as trombetas soaram, os povos se aperaltaram, as ruas se enfeitaram e empresas fechavam para se assistir à passagem de El Rei Futebol.
E eis que os festejos acabaram, chegou a altura de voltarmos ao nosso verdadeiro “eu”, de memória curta como convêm, esquecendo que para tais festejos foi necessário gastar mais de mil milhões de euros de dinheiros públicos na construção das 10 catedrais do futebol, isto claro está, se não se contar com as derrapagens. Esquecendo que contrariamente ao anunciado, a Industria do Turismo sofreu uma quebra de 0,3% nesse ano, em vez do aumento prometido. Nunca se lembrando, que os projetos das imponentes obras contemplavam também muitas outras infraestruturas que nunca se ergueram. Amaldiçoados lapsos de memória que nos impedem de recordar que um dos magnânimes estádios teve um custo de 62 milhões de euros, foi usado duas vezes durante o evento e que atualmente recebe 3 mil espectadores de 15 em 15 dias, dando assim um prejuízo de 50 mil euros mensais à autarquia responsável. Doentes crónicos de amnésia, impossibilitados de saber que o “Euro 2004” ainda não terminou, podemo-nos rejubilar, pois o seu fim só está anunciado para 2030, altura em que se prevê a liquidação total das dívidas deixadas por tamanha euforia.
Sempre que nos sentirmos desfalcados ou ultrajados pelas decisões de cortes na educação ou saúde, lembremo-nos que ainda estamos a festejar o “Euro 2004” e com a vinda de El Rei D. Sebastião os nossos problemas desaparecerão na neblina.



Rui Crespo (formando do RVCC Básico)