No processo de RVCC,
os formadores do básico e do secundário dedicam algumas sessões à chamada
“descodificação do referencial” nas respetivas áreas de competências-chave. Mas
descodificar porquê? O referencial está, porventura, apresentado sob a forma de
código?
A questão central é
precisamente essa: pelo menos no que diz respeito ao secundário, com o qual
estou mais familiarizado, muitas das competências do referencial estão
formuladas de modo a que o público a que se destinam não entende o que se
pretende. Os autores do referencial, fruto de uma natural intenção de conferir
alguma complexidade ao “processo”, mas também (e talvez sobretudo) movidos por
uma boa dose de vaidade intelectual, traçaram esse caminho, fizeram essa opção.
Passo a dar dois ou
três exemplos de competências retiradas do referencial do secundário para que
melhor se entenda aquilo de que falamos:
“Posicionar-se prospetivamente
em contextos macro-sociais de incerteza e ambiguidade.”
“Mobilizar o saber
formal na interpretação de leis e modelos científicos num contexto de
coexistência de estabilidade e mudança.”
“Agir de acordo com a
compreensão do funcionamento dos sistemas monetários e financeiros (como
elemento de configuração cultural e comunicacional das sociedades actuais).”
Mas a verdade é esta:
não basta que se queira que os adultos exponham no seu portefólio as
experiências devidamente refletidas que vão ao encontro do referencial, é
preciso que eles entendam perfeitamente quais as experiências que devem ser espelhadas
e refletidas nessa autobiografia.
Numa frase: o
referencial codifica, o formador descodifica.
Luís Mendonça
Formador de Cidadania e Profissionalidade (CP)
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