E eis que os festejos acabaram, chegou a altura de voltarmos ao nosso verdadeiro “eu”, de memória curta como convêm, esquecendo que para tais festejos foi necessário gastar mais de mil milhões de euros de dinheiros públicos na construção das 10 catedrais do futebol, isto claro está, se não se contar com as derrapagens. Esquecendo que contrariamente ao anunciado, a Industria do Turismo sofreu uma quebra de 0,3% nesse ano, em vez do aumento prometido. Nunca se lembrando, que os projetos das imponentes obras contemplavam também muitas outras infraestruturas que nunca se ergueram. Amaldiçoados lapsos de memória que nos impedem de recordar que um dos magnânimes estádios teve um custo de 62 milhões de euros, foi usado duas vezes durante o evento e que atualmente recebe 3 mil espectadores de 15 em 15 dias, dando assim um prejuízo de 50 mil euros mensais à autarquia responsável. Doentes crónicos de amnésia, impossibilitados de saber que o “Euro 2004” ainda não terminou, podemo-nos rejubilar, pois o seu fim só está anunciado para 2030, altura em que se prevê a liquidação total das dívidas deixadas por tamanha euforia.
Sempre que nos sentirmos desfalcados ou ultrajados pelas decisões de cortes na educação ou saúde, lembremo-nos que ainda estamos a festejar o “Euro 2004” e com a vinda de El Rei D. Sebastião os nossos problemas desaparecerão na neblina.
Rui Crespo (formando do RVCC Básico)
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